Sousa Cintra abre o livro: impossibilidade JJ, acordo com Le Guen e a ameaça de Vieira

Depois de um verão muito movimentado, no qual vestiu o fato de bombeiro para 'arrumar a casa' leonina, Sousa Cintra saiu novamente de cena, mas nem por isso foi esquecido. Numa entrevista ao jornal Record, admitiu que Jorge Jesus foi a primeira opção para suceder a Mihajlovic, pouco tempo depois de o português ter rumado à Arábia Saudita.

«Ao Jesus corre-lhe o sangue do Sporting nas veias e fez um excelente trabalho no clube. Tinha contrato assinado para ir lá para os árabes que o obrigava a ficar lá pelo menos seis meses. Se quisesse sair, tinha de pagar uma indemnização. Essa situação complicou a questão. No entanto, quando ele lá chegou não gostou muito daquilo, ficou atrapalhado [risos] e sentiu vontade de voltar. Houve um momento em que isso esteve para acontecer, mas eles tinham o passaporte dele e as coisas ficaram por ali. Ainda falei com o Torres Pereira porque tem um irmão embaixador e ponderámos arranjar-lhe um passaporte para ele sair de lá. Houve essas conversas. Não veio por um fio», contou.

Gorada a primeira hipótese a escolha acabou por recair em José Peseiro pela vontade que o técnico fosse português, ainda que tenha havido uma hesitação pelo meio, traduzida num acordo verbal com o francês Le Guen.

«Foi um senhor. Discutimos os valores, acertei tudo com ele de acordo com as nossas possibilidades. Até fiquei admirado com a facilidade com que ele aceitou as condições. Expliquei-lhe então a situação transitória em que estávamos, o problema das eleições e da vontade que ainda tínhamos de contratar um treinador português. E disse-lhe que se não encontrássemos uma solução, ele seria o treinador do Sporting. Coloquei as questões sobre a mesa e o homem aceitou! Eu fui muito correto com ele, como é obrigação de qualquer presidente, e ele ainda mais me surpreendeu, pois disse-me que se o futuro presidente não o quisesse ele sairia sem cobrar nem mais um dia de trabalho. Incrível. Um tipo a sério», avaliou Sousa Cintra, que acabou por optar por outra via.

«Regressei satisfeito, mas entendia que a melhor solução era mesmo um treinador português. E há muitos e bons. Fiz a leitura dos que estavam disponíveis e escolhi o Peseiro. Peguei no telefone e fechei o contrato. Foi um acordo bastante simpático por um ano e mais um de opção. Não podia trazer encargos para a futura direção», explicou.

O amigo Luís Filipe Vieira
O verão começou de forma atribulada, pelas agressões na Academia e consequente rescisão por justa causa de alguns jogadores do Sporting, um momento que proporcionou também um discurso de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, no sentido de aproveitar a instabilidade do rival para contratar alguns jogadores.

«Sou amigo do Luís Filipe Vieira. Sempre fui. Nem ele sonhava ir para presidente do Benfica [risos]. Aliás, como sou amigo do Pinto da Costa e dos presidentes dos clubes todos em Portugal. Tenho boas relações com todos. O Luís Filipe Vieira evidentemente queria lá os jogadores que queria, mas eu disse-lhe: ‘Epá, calma aí!’ Não vale a pena estar a contar histórias, porque é desagradável e deselegante estar a falar de coisas que temos em privado com as pessoas. Agora, eu tinha a certeza – a certeza! – de que ele não me ia lá buscar jogador nenhum. Nem eu a ele. Disse isso, mas foi antes de eu chegar. Depois não aconteceram mais essas conversas. Quando as pessoas se respeitam…», sublinhou, nesta entrevista ao jornal Record.


FONTE: Zerozero.pt