Da Rússia Sem Amor

O SL Benfica está oficialmente fora das competições europeias na presente época, após ter sido derrotado esta quarta-feira por 2×0, na Rússia, frente ao CSKA.

As promessas de que os tetracampeões entrariam com “muita crença” para conseguir anular os seis pontos de desvantagem em relação aos russos, a que se juntava a desfavorável diferença de golos e do confronto direto, esbarraram na muralha do CSKA. Após o choque com o frio moscovita, a equipa que queria lutar, até ao limite das forças, pela vitória deu lugar a onze jogadores atarantados, sem rumo e sem inspiração.

É certo que o SL Benfica enfrentou quatro grande penalidades em cinco jogos (algo questionáveis), é certo, igualmente, que, tanto na Rússia como em Lisboa, o CSKA foi beneficiado pela arbitragem. Junta-se a tudo isto, o facto de terem sido marcados três autogolos em lances que estariam, à partida, controlados. Tudo isto são factos. Mas nenhum deles desculpa a campanha miserável que tem sido conduzida este ano na Champions. E se, tudo isto, são factos, também o são cinco derrotas em cinco jogos, com um golo marcado e doze sofridos. E quando estas estatísticas se verificam, não existe qualquer desculpa que salve o SL Benfica.

Existe vida para além da Liga dos Campeões, é óbvio. Mas prosseguir a época como se nada tivesse acontecido, como se estes cinco jogos tivessem sido um mero acaso, é inadmissível. A campanha do SL Benfica na Europa este ano é quase indescritível. Desta forma, não pode ser ignorada. Exige-se que se tirem as devidas ilações internamente. E que, quando se promete uma equipa com muita crença e dedicação, não apareçam apenas onze jogadores desgarrados, que parece que nunca jogaram juntos.

Com esta eliminação prematura, o SL Benfica, ao contrário dos rivais diretos, não terá jogos europeus a meio da semana até à próxima temporada (isto se ficar, como se espera, num lugar que permita o acesso às competições internacionais). Ou seja, na presente época terá mais tempo para se focar nas provas nacionais. Deste modo, exige-se agora, mais que nunca, que os objetivos traçados no início da época, entre eles o penta campeonato, sejam cumpridos.

Depois da vitória que permitiu a passagem para a próxima fase da Taça de Portugal, o SL Benfica volta a receber o Vitória de Setúbal, em jogo a contar para o campeonato. Este jogo surge antes da visita ao Estádio do Dragão, jogo que, mesmo revestido de importância, apenas ocorrerá na próxima semana. Assim, é imperativo que os jogadores estejam com a cabeça única e exclusivamente no jogo com o VFC, para que não ocorram mais desaires. Ao treinador cabe olhar com muita atenção para os muitos erros que foram cometidos nos jogos europeus para os resolver, decidindo finalmente quem tem (e não tem) mérito para representar o SL Benfica.

Tudo isto acontece numa altura em que o futebol português atravessa um período de crise. O foco deixou de estar sobre os jogadores, passando a estar nos diretores de comunicação que, semana após semana, tentam encontrar provas de corrupção nos rivais. O SL Benfica foi atacado recorrentemente, tanto por FC Porto como por Sporting CP, ao longo dos últimos meses, tendo, na última semana, decidido responder na mesma moeda. Em resultado, os árbitros declararam uma greve que já vieram entretanto desconvocar. Considera-se que o SL Benfica não tem nada que descer ao nível dos rivais, com atitudes que só prejudicam o futebol, mas afigura-se, no mínimo, curioso que a APAF apenas se tenha sentido lesada com as acusações do tetracampeão, quando o Sporting CP e, especialmente, o FC Porto já vinham tendo estas atitudes muito antes das águias.

Se se quer efetivamente resolver o problema no futebol é preciso, acima de tudo, coerência; que tem faltado a todas as instituições. E os árbitros, se se sentem realmente lesados, devem passar das palavras aos atos, de outra forma também estão a contribuir para o “teatro de fantoches” em que está transformado o futebol português.


Fonte: dabancada.com