Bernardo Silva, o melhor português da época
Bernardo Silva foi o jogador português da época.
O notável trabalho de Bruno Fernandes no Sporting merece todos os elogios e mais alguns e será unânime que o oito do Sporting foi o melhor do campeonato português.
Mas se a Premier League já separa os rapazes dos homens, ela também diferencia os verdadeiramente capazes dos outros, como facilmente percebeu o FC Porto nas eliminatórias com o Liverpool.
Naquela primeira frase, está entendida essa questão de dimensão.
Jogar basquetebol no Real Madrid ou na Euroliga ainda não é a mesma coisa que estar num qualquer franchise da NBA, ainda que, tal como Luka Doncic, também Bruno Fernandes chegará, eventualmente, ao melhor dos campeonatos e mostrar valor.
Dito isto, voltemos a Inglaterra onde, imagine-se, há uma equipa que pode dizer: «Nós somos melhor do que o Liverpool.»
A afirmação por ela própria é tremenda, mas a demonstração em campo foi ainda maior pelo Manchester City, liderado por Pep Guardiola do banco e por Bernardo Silva em campo. O português pode ter de seguir o conselho de Vincent Kompany na postura no balneário, mas na ambição em campo ninguém quis este campeonato mais do que ele.
Esta batalha entre Liverpool e Manchester City teve momentos decisivos. A jornada 24 foi uma delas. Trouxe a última derrota dos citizens, que aconteceu num sábado. No domingo, em Anfield, o Liverpool desperdiçou uma vantagem e empatou frente ao Leicester: os reds lideravam com mais cinco pontos.
Nessa altura, Guardiola percebeu que tinha de vencer os jogos todos até ao final da Premier League. Aproveitou que na jornada 25 o Liverpool empatou 1-1 com o West Ham e teve fé que os rivais dos reds dessem uma ajuda: nulos com Everton e Manchester United.
Ultrapassagem consumada na ronda 29, com nove encontros por disputar. O golo de Vincent Kompany frente ao Leicester anunciou um bicampeonato que esteve em sério risco em Burnley. O ManCity venceu em Turf Moor por três centímetros (foi essa a distância de a bola não tocar na linha de golo no 1-0 final de Aguero) e por três centímetros saiu campeão.
Também saiu campeão pelo pedaço de jogador que os 173 centímetros de Bernardo Silva são.
Não haveria festa blue em Manchester se não fossem as inúmeras exibições de qualidade do português. E certamente não existiria este bicampeonato inédito na história do clube sem a brilhante performance de Bernardo Silva no Manchester City, 2 – Liverpool, 1.
Um encontro também ele decidido por centímetros, com Stones a evitar o 1-0 para os reds com muito da bola para lá da linha de golo e o suficiente dela para que a tecnologia não apitasse no pulso do árbitro.
No melhor dos jogos que fez, Bernardo Silva não marcou qualquer golo, mas as decisões com bola e a abnegação sem ela foram de um autêntico campeão e até disputar lances aéreos com o gigantesco Van Dijk tentou Bernardo.
Os campeonatos podem vencer-se por centímetros, mas os futebolistas nunca se medem pela altura. Por esta hora, qualquer português já o devia saber, se é que me entendem.
FONTE: MaisFutebol