Bernardo Silva: “Desde muito pequeno o meu sonho sempre foi jogar no Benfica. Mas, quando cheguei lá, percebi que o treinador não me queria”
Em entrevista ao "El País", Bernardo Silva falou do City, mas também recordou os tempos que passou no Benfica. Eis o que disse o jogador, em discurso direto.
Manchester City-Tottenham
"Depois de perdermos, agora só há uma maneira de encarar o jogo. É sempre importante marcar fora na Champions, dá-te tranquilidade, mas não o conseguimos. Por isso temos de começar fortes, a pressionar alto e a fazer golos. Porque sabemos que se o Tottenham marca um, nós temos de marcar três. Temos de jogar como jogamos sempre: com tranquilidade e de forma ofensiva.
Na 1ª mão pareceu-me que nenhuma das equipas quis assumir muitos riscos, uma vez que isto é uma eliminatória. Todos sabiam que um golo condicionava muito... Mas, agora, com 0-1, temos de arriscar."
A evolução enquanto jogador
"Há sempre dúvidas. Quando tens 14 ou 15 anos, se não jogas nessas etapas de formação... Eu ficava muitas vezes sem jogar, porque era mais pequeno do que os outros. Não jogava! E há sempre dúvidas. Queres, mas não sabes se vais conseguir. Quando cheguei ao Benfica B, aí sim, pensei que poderia ser profissional. Mas nunca imaginei que chegaria ao nível da Premier League e muito menos do Manchester City. Ir para o Mónaco foi a melhor decisão que tomei: ajudou-me a crescer como pessoa e como futebolista.
Quando fui para a equipa principal do Benfica, com 19 anos, não foi fácil. Desde muito pequeno o meu sonho sempre foi jogar no Benfica. Mas, quando cheguei lá, percebi que o treinador não me queria."
A relação com Jorge Jesus, que colocou Bernardo a lateral esquerdo
"Não foi só num treino. Foi durante toda uma pré-época e em jogos amigáveis. Eu vinha da equipa B com a intenção de ficar na equipa principal e jogar lá. Mas o treinador não contava comigo. Pôs-me a lateral esquerdo na pré-época, só joguei um jogo na Liga e no final da época disse-me que iria voltar para a equipa B. Senti que isso não era bom pra mim. Percebi que precisava de sair e apareceu o Mónaco. Na minha primeira época lá ficámos em 3º na Liga francesa, jogámos os quartos de final da Champions e aprendi com jogadores como Tiago, Carrasco, Moutinho, Ricardo Carvalho, Fabinho... Entre fazer isso e ficar no Benfica B, acho que o melhor foi sair, não?"
Mbappé, com quem jogou no Mónaco
"A primeira vez que foi treinar connosco, eu estava com o Mourinho e ficámos espantados: 'Quem é este rapaz?' Tinha 16 anos e já era incrível. Sabia que era especial. E, uma época depois, quando se estreou e fomos campeões, o seu primeiro jogo importante foi no Etihad, nos oitavos de final da Champions, em fevereiro. Marcou um golo e a partir daí foi uma bomba".
O físico e o cérebro no futebol
"Eu era sub-17 quando começou a época do Barça de Guardiola. Ver jogadores como Messi, Iniesta e Xavi dava-me mais força para continuar. Porque eu estava sem jogar porque era mais pequeno do que os meus colegas. Por isso, ver a melhor equipa do mundo naquele momento e ver que estavam ali três dos melhores do mundo e eram quase mais pequenos do que eu... Claro que para jogar tens de estar bem fisicamente. Mas há características que dependem das posições. Há posições, como o centro da defesa, em que precisas de mais estatura; nas alas precisas de ser mais rápido. Mas o mais importante no futebol é a cabeça, as decisões que toma o jogador. Perceber no momento certo se tens de pôr a bola à esquerda, à direita, com mais ou menos força, com mais ou menos efeito. Essa é a grande diferença entre os grandes jogadores e os outros".
FONTE: TribunaExpresso