Óliver Torres e a infância humilde: “As minhas chuteiras tinham de dar para todo o ano. Colava-as com super-cola”

Num entrevista à agência EFE, o médio do FC Porto falou do início da carreira, longe dos pais e do esforço que estes fizeram para que pudesse realizar o seu sonho. Sobre as hipóteses dos dragões na Liga dos Campeões, deixa o aviso ao Liverpool: terá de suar para ultrapassar uma equipa difícil, que pressiona, que é agressiva e com intensidade durante 90 minutos. E para chegar à seleção espanhola está disposto a tudo. Até a cortar a relva.

É um dos jogadores mais queridos entre os adeptos do FC Porto, mas a vida de Óliver Torres nem sempre foi fácil. Numa entrevista à agência EFE, o médio espanhol falou dos seus ídolos, do que vem aí para o FC Porto, mas também das suas origens humildes e do esforço que os seus pais tiveram de fazer para que o miúdo de Navalmoral de la Mata, na Extremadura espanhola.

“O meu pai tinha uma incapacidade e não podia trabalhar. A minha mãe lavava escadas. Aos 10 anos tive a oportunidade de ir para um campus, em Barcelona, e fiquei lá um ano porque pagavam todos os meus gastos. Quando jogava futebol era a pessoa mais feliz do mundo, mas quando chegava a casa à noite e não estavam os meus irmãos e os meus pais, era muito difícil”, confessou o médio que este ano leva 34 jogos pelos dragões.

“No ano seguinte fui para o Atlético Madrid, mas tinha de pagar casa e os restantes gastos. Eu e a minha irmã fomos viver para Madrid, para um apartamento que tinha de ser pago pelos meus pais. Tinham de pagar duas casas quando quase não tinham dinheiro para a de Navalmoral de la Mata. Tinha umas chuteiras que tinham de dar para todo o ano. Tinha de as colar com super-cola. Agora olho para trás e rio-me”, continuou Óliver.

Na terceira época consecutiva no FC Porto (depois de uma primeira passagem em 2014/15), Óliver confessa à agência espanhola que Fernando Torres é o seu ídolo, mas que no FC Porto, Iker Casillas é a figura mais forte do balneário: “É a referência para os bons momentos e para os maus. Tem sempre uma palavra de apoio e de carinho e pica-te sempre que é preciso picar. Está sempre à procura de algo para te motivar e obviamente respeitamos muito o Iker”.

Sobre as possibilidades do FC Porto na Champions, Óliver avisa que os dragões “são uma equipa difícil, que pressiona, que é agressiva e com intensidade durante 90 minutos”.

“Tenho a certeza que quando o Liverpool, quando viu o nosso nome no sorteio, penso: ‘vai ser preciso trabalhar muito para passar’. E nós vamos com essa mentalidade, de tornar a tarefa ao Liverpool o mais difícil possível, de conseguir um bom resultado em Anfield. Se conseguirmos, no Dragão, com o nosso público, vai ser um jogo muito bonito e intenso, em que vamos ter possibilidades de passar”, frisou, revelando também que jogar a final da Champions no Wanda Metropolitano, estádio do Atlético Madrid, “seria muito especial e ganhar seria um sonho”.

Na seleção? Até a cortar a relva
Óliver diz que trabalha para “conseguir uma oportunidade” na seleção espanhola e quando lhe foi pedido que fizesse uma espécie de carta ou declaração de intenções para Luis Enrique, o médio sublinhou que pode fazer tudo.

Literalmente tudo.

“Diria-lhe que sou simpático, agradável, com ambição, com vontade de trabalhar e comer o mundo. Com vontade de aprender, de melhorar a cada dia, de me colocar ao serviço para o que quer que seja. Se tinha de ir à seleção para carregar bolas, levar a água, cortar a relva… não me importo nada, porque tenho a certeza que iria aprender muito”, disse. “E também gostava de mostrar o que valho, porque tenho a capacidade de oferecer este futebol que tenho cá dentro, com que nasci e melhorei. Estou convencido que ainda vou estrear-me pela seleção”.


FONTE: TribunaExpresso