O desafio gigante de Cristiano Ronaldo na «sua» Champions

A Juventus perante um desafio gigante e com ela Cristiano Ronaldo, em risco de cair nos oitavos de final da Liga dos Campeões pela primeira vez em nove anos. Esta terça-feira jogam o futuro, em Turim frente ao At. Madrid, naquela que já é uma edição fora do normal para o português, que soma recordes na competição como nenhum outro. O jogo é coletivo, mas Cristiano Ronaldo também fez da Champions uma história pessoal.

Esta semana há quatro jogos para decidir quem se junta a FC Porto, Manchester United, Ajax e Tottenham nos quartos de final. Há Bayern Munique-Liverpool com tudo em aberto, há o Barcelona em Camp Nou a tentar escapar frente ao Lyon a mais um choque, depois do nulo em França, há o Manchester City embalado na eliminatória frente ao Schalke. E há esse Juventus-At. Madrid para o qual os espanhóis partem claramente em vantagem depois dos dois golos sem resposta nos minutos finais da primeira mão. Nuns oitavos que já viram cair o tricampeão europeu Real Madrid, hora do tudo ou nada também para Ronaldo, o jogador que melhor personificou essa era do Real e a Champions como palco a sublimar a sua dimensão. Até que ponto estão interligados os destinos de ambos, agora que, com o regresso de Zidane ao banco do Real, até volta a falar-se de uma possível reunião com Cristiano?

Os números de Ronaldo da Champions são de outro mundo. Ele é o maior goleador de sempre da prova, melhor marcador em sete temporadas, incluindo as últimas cinco. Tem cinco títulos de campeão europeu de clubes, um pelo Manchester United e quatro pelo Real Madrid, mais do que qualquer outro na era Champions. Há mais jogadores com o mesmo número de troféus se englobarmos toda a Taça dos Campeões Europeus, apenas um com mais - o antigo madridista Francisco Gento, que ganhou seis vezes. Cristiano tem 100 vitórias na competição, mais do que a esmagadora maioria dos… clubes – só quatro superam o registo na era Champions, pouco mais de uma dezena olhando para toda a história da Taça dos Campeões Europeus. Ainda assim uma menos que outra lenda, o portista Iker Casillas, que chegou às 101 vitórias na semana passada, na reviravolta frente à Roma que pôs o FC Porto nos quartos de final.

A história de Cristiano Ronaldo na Liga dos Campeões começou em 2003/04, no seu primeiro ano no Manchester United. Na época anterior tinha jogado meia hora pelo Sporting na primeira mão da terceira pré-eliminatória frente ao Inter e não foi opção na segunda mão, que os «leões» perderam por 0-2. Em 15 temporadas ficou por uma vez pela fase de grupos, em 2005/06, e três vezes nos oitavos de final, a última das quais em 2009/10, na primeira época no Real Madrid, eliminado pelo Lyon. Dois anos depois de ter sido campeão europeu pela primeira vez com o Manchester United e um ano depois da sua única final perdida, para o Barcelona.

Desde então nunca saiu de cena antes das meias-finais e foi campeão europeu mais quatro vezes com o Real Madrid. Despediu-se depois da última conquista para rumar à Juventus. Esta época fez cinco jogos na fase de grupos – falhou o jogo da segunda jornada com o Young Boys por castigo - e marcou apenas um golo, na derrota com o Manchester United para a 4ª jornada.

Juventus-At. Madrid é um duelo entre duas grandes equipas, mas Cristiano Ronaldo centra a atenção. Muito do que se disse na antecipação do jogo foi em torno dele, e ele próprio assumiu protagonismo no aquecimento para a decisão, a falar em reviravolta.

Não tem a história do seu lado. A Juve, que tem Alex Sandro suspenso e terá outro português em campo, João Cancelo, nunca recuperou de uma desvantagem de dois golos e o At. Madrid, com Simeone, nunca deixou fugir uma eliminatória partindo de um 2-0. Teve Godín, figura central da equipa e protagonista na primeira mão em dúvida, mas está convocado, enquanto Diego Costa é baixa por castigo.

Mas a primeira semana de decisões destes oitavos de final já se encarregou de contrariar probabilidades e estatísticas para todos os gostos e alimentar todas as expectativas. Umas mais que outras.

No outro jogo de terça-feira, o Manchester City de Bernardo Silva é ultra-favorito, depois de ter sobrevivido a um susto na primeira mão para sair de Gelsenkirchen com uma vitória. Ainda assim, há um jogo para jogar, como lembra Pep Guardiola, e há espaço para o Schalke sonhar.

Para quarta-feira está reservado o duelo entre Bayern Munique e Liverpool, dois históricos que se anularam na primeira mão. Agora em Munique, no regresso de Jurgen Klopp a um estádio onde venceu por três vezes em 10 visitas quando treinava o Dortmund, num confronto entre duas equipas em momentos diferentes. O Bayern, que deverá ter Renato Sanches nas opções, em ascensão, o Liverpool num período mais cinzento que já lhe custou a liderança da Premier League. Nas três eliminatórias em que os dois gigantes já se defrontaram, o Bayern apenas venceu uma, em 1971.

E depois há o Barcelona-Lyon. O nulo da primeira mão surpreendeu e permite ao Lyon sonhar. Seria mais uma proeza a juntar às que estes oitavos já têm para contar, num duelo à partida desigual entre a equipa de Anthony Lopes, que nunca venceu o Barça em sete confrontos anteriores, e o gigante catalão onde está Nelson Semedo, três vezes campeão europeu nos últimos 10 anos, mas pressionado pelo passado recente: há três temporadas seguintes que o Barça cai nos quartos de final.

Programa das últimas decisões dos oitavos:

Terça-feira:

Juventus-At. Madrid (0-2 na primeira mão), 20h00

Manchester City-Schalke (3-2), 20h00

Quarta-feira:

Barcelona-Lyon (0-0), 20h00

Bayern Munique-Liverpool (0-0), 20h00


FONTE: MaisFutebol