A lição de vida da nova número um mundial ao despedir o treinador: “O meu sucesso não pode ser mais importante do que a minha felicidade”
Naomi Osaka, líder do ranking WTA desde 28 de janeiro, dispensou o treinador Sascha Bajin, com quem trabalhava há mais de um ano e com quem ganhou o US Open e o Open da Austrália, e justificou-o de forma simples: quer ser feliz com as pessoas que a rodeiam.
Nem sempre nos lembramos disto, mas o sucesso é relativo. Vamos pôr as coisas assim: se dois/duas grandes tenistas evoluírem tremendamente o seu jogo durante o ano, esforçarem-se diariamente ao máximo, ganharem o mesmo número de jogos, mas, no final, apenas um(a) conquistar um Grand Slam, só um(a) bom, porque ganhou? E o outro, não teve um ano de sucesso, pelo crescimento que teve?
É, voltando ao início, relativo. Ou melhor, depende sempre da perspetiva. E, no caso da nova número mundial do ténis, a perspetiva escolhida é esta: "O meu sucesso não pode ser mais importante do que a minha felicidade”.
Escalpelizando isto: aos 21 anos, Naomi Osaka já tem dois Grand Slam no bolso, ambos enquanto ia trabalhando com o treinador alemão Sascha Bajin. Em setembro de 2018, a tenista japonesa passou a ser um nome comum até para o mais leigo dos fãs do ténis, depois de derrotar Serena Williams numa final do US Open que ficará para a história. E, em janeiro de 2019, consolidou a sua presença ao mais alto nível do ténis feminino, ao conquistar o Open da Austrália e assumir, pela primeira vez, o primeiro posto do ranking WTA.
Mas, para Osaka, o sucesso da conquista de troféus e afins é, afinal, relativo. Porque, 16 dias depois de conseguir o seu segundo Grand Slam, a jovem tenista dispensou os serviços do treinador que a acompanhava há mais de um ano, anunciando isso mesmo, de forma lacónica, no Twitter.
Depois do anúncio, ainda que Sascha Bajin tenha respondido a Osaka de forma bastante cortês no Twitter, houve quem especulasse que a dispensa se devia a problemas financeiros entre ambos. Contudo, esta segunda-feira, a número um mundial decidiu clarificar a mudança. "Toda a gente pensa que teve a ver com dinheiro, mas não é verdade. Ouvir isso magoou-me muito", explicou à WTA.
"Viajo com todas as pessoas da minha equipa e vejo-os mais do que vejo a minha família. A principal razão [para a dispensa] foi esta: o meu sucesso não pode ser mais importante do que a minha felicidade. É essa a principal razão. Não vou sacrificar a minha felicidade”, acrescentou. "Se não estou a acordar todos os dias feliz, para ir treinar feliz, com as pessoas que me rodeiam... Isto é a minha vida."
Considerado treinador do ano de 2018 na WTA, Sascha Bajin não se estava a entender bem com Osaka, até no Open da Austrália, explicou também a japonesa. "As coisas já estavam a acontecer na Austrália. Acho que algumas pessoas conseguiram perceber isso, pela forma como interagimos lá. Não vou dizer nada de mal sobre ele, porque, como é óbvio, estou muito grata por tudo o que fez por mim. Mas no Open da Austrália estava só a dizer a mim própria para aguentar", contou.
Osaka disse também que ainda não sabe quem irá acompanhá-la agora, mas espera ter um(a) novo(a) treinador(a) em março - e alguém que tenha uma perspetiva mais otimista do que Bajin, pelo que deu a entender. "Não é ideal ir para Indian Wells sem treinador. O mais importante é ter alguém com uma mentalidade positiva. Não quero alguém que está na bancada a dizer coisas negativas. Tem de ser alguém direto, sem medo de dizer as coisas na minha cara, em de dizê-las nas minhas costas".
Para já, Osaka irá competir no Dubai acompanhada pelo pai, pelo preparador físico Abdul Sillah, pelo fisioterapeuta Kristy Starr e por Masashi Yoshikawa, treinador da federação japonesa que "ajuda" Osaka desde os 16 anos, apesar não ser verdadeiramente treinador dela.
"Comparando o presente com o Open da Austrália, sinto-me muito mais feliz. É engraçado, porque havia pessoas a dizer que eu parecia muito triste na Austrália. Quero que tudo corra bem, mas sei que estou num período de transição. Mas estou ansiosa para saber o que me reserva o futuro".
FONTE: TribunaExpresso