Taça de Portugal: FC Porto-Moreirense, 4-3 (crónica)
Silêncios incómodos? Nem pensar. Com este FC Porto, isso não existe. Se o momento é constrangedor ou o momento aborrecido, os homens de Sérgio Conceição são capazes do melhor e do pior para tornar tudo mais interessante.
Assim foi na vitória sobre o excelente Moreirense, a 14ª consecutiva – a uma do histórico recorde de Artur Jorge – e a valer a passagem dos dragões aos quartos-de-final da Taça de Portugal.
Ora vejam bem: para começo de conversa, nada melhor do que aquecer os ânimos de uma noite fria com uma perda de bola no ataque (Maxi Pereira), uma reação defeituosa na transição defensiva e um posicionamento quase amador na área.
Consequência? Passe fácil de Heriberto e conclusão ainda mais simples de David Texeira.
DESTAQUES DO JOGO: Marega sim, mas Brahimi na origem de tudo
Chega? Nada disso. O FC Porto, insistimos, está fadado a apimentar os jogos, mesmo aqueles teoricamente menos apelativos, incapazes de encher o Dragão. Vamos em frente.
Se a equipa está a perder em casa aos oito minutos, então que melhor pontapé no jogo do que dois golos até aos 16? E aí aparece Felipe num cabeceamento superior e Hernâni, recém-entrado para o lugar do lesionado Otávio, a encher o pé e a dizer que sim, tomar um café com os campeões nacionais é a certeza de uma noite bem passada.
Cinco mudanças na equipa incial do FC Porto, nove na do Moreirense, mas ainda assim muitos intérpretes de bom nível em campo. Pedro Trigueira, por exemplo.
Depois do 2-1, já com vários capítulos e cenas dignas de registo, o guarda-redes do Moreirense aparece com duas grandes defesas (a parada do remate de André Pereira é notável) e o diálogo sobe de tom. E de nível.
Até ao intervalo, é justo dizê-lo, o FC Porto podia ter resolvido a eliminatória. Falhou um, dois, três claros lances de golo. Quando o tom monocórdico se apoderava da partida, lá está, a defesa dos campeões nacionais (Marega, na verdade) tornou tudo mais rico ao falhar na marcação a Iago e a levar o jogo para o intervalo empatado: 2-2.
Não se percam, porque há mais.
O FILME DA PARTIDA E A FICHA DO JOGO
Preocupado com a profundidade nas costas dos seus defesas, Ivo Vieira passou a jogar com três centrais no segundo tempo (entrou Halliche) e ofereceu a bola ao meio-campo azul. Danilo recuava para o meio dos centrais e iniciava a construção. Sempre assim.
Marega voltou a falhar na frente – que arrancada e passe de Hernâni! -, mas Sérgio Conceição tinha o mais importante dos trunfos para lançar: chama-lhe Yacine Brahimi e é um jogador extraordinário.
Brahimi entrou aos 65 minutos e arrasou a muralha cónega com dois passes fabulosos a isolar Marega. Dois golos, 4-2 no jogo e a certeza de que o FC Porto, por mais que o Moreirense procurasse, já não deixaria fugir o jogo.
O jogo não fugiu, não senhor, mas ainda havia uma lesão de Danilo para elevar o termómetro, e um golão do Moreirense já no tempo de descontos. Autor: Heriberto Tavares.
Digam lá se isto não é uma noite bem passada, a ver futebol vertiginoso e constantes golpes no argumento original da história. Grande jogo no Dragão, sem dúvida.
Polémicas? Bem, já que insistem: o senhor Carlos Xistra não viu um puxão claríssimo de Heriberto a Danilo na área do Moreirense. Mas também não é relevante para a história. O FC Porto, por culpa própria, decidiu tornar tudo mais interessante.
FONTE: MaisFutebol